Muito mais que uma coletânea de textos antigos, o Velho Testamento revela as bases do plano de redenção de Deus desde a criação à vinda de Yeshua.
O que é o Velho Testamento?
O chamado "Velho Testamento", mais apropriadamente conhecido como Tanakh em hebraico, é a primeira e maior parte da Bíblia cristã. Contém 39 livros (no cânon protestante) que cobrem desde a criação do mundo até cerca do século V a.C. É fundamental para a compreensão da história de Israel, da Torá (Lei), dos profetas e dos escritos sapienciais.
Contudo, mais do que um registro histórico ou moral, o Velho Testamento é uma revelação progressiva do plano de Deus para a humanidade, preparando o caminho para a revelação de Yeshua HaMashiach (Jesus, o Messias) no Novo Testamento.
Formação: como surgiu o Velho Testamento?
O Velho Testamento não foi escrito de uma vez só, nem por uma única pessoa. Sua composição se estende por cerca de mil anos, entre os séculos XV e V a.C., e seus textos foram registrados em hebraico (majoritariamente) e aramaico (em pequenas seções, como em Daniel e Esdras).
Divisão Hebraica: Tanakh
O povo judeu não usa o termo "Velho Testamento", mas sim Tanakh, um acrônimo que representa as três divisões principais:
Torá (Lei): Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. A base legal e espiritual de Israel.
Nevi'im (Profetas): De Josué a Reis, Isaías a Malaquias. Relatos históricos e profecias.
Ketuvim (Escritos): Salmos, Provérbios, Rute, Daniel, Crônicas, entre outros.
Essa organização reflete uma compreensão teológica e narrativa: a Torá estabelece a Aliança, os Nevi'im mostram a fidelidade (ou infidelidade) de Israel, e os Ketuvim contêm reflexões sobre essa relação com Deus.
Quem escreveu o Velho Testamento?
Não há uma lista fechada de autores, mas sabemos que foram profetas, reis, sacerdotes e escribas, todos inspirados pelo Ruach HaKodesh (Espírito Santo).
Moshê (Moisés): tradicionalmente considerado o autor da Torá.
Davi e Salomão: atribuídos a muitos dos Salmos e Provérbios.
Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel: grandes profetas que anunciaram juízo e redenção.
Esdras e Neemias: fundamentais no período pós-exílio e na compilação final dos textos.
O critério para reconhecer um texto como inspirado estava na autoridade profética de seu autor e na coerência com a revelacão da Torá.
A importância do Velho Testamento para os cristãos
Muitos cristãos hoje veem o Velho Testamento como ultrapassado ou substituído pelo Novo. Essa é uma visão equivocada. O próprio Yeshua afirmou:
"Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir." (Mateus 5:17)
Ele usa o termo "Lei e Profetas" para se referir ao Tanakh inteiro. Portanto, é impossível compreender plenamente o Novo Testamento sem as bases do Antigo. As profecias, as festas, as genealogias e as tipologias apontam todas para o Messias.
Exemplos de conexões entre os Testamentos:
O sacrifício de Isaque (Gênesis 22) aponta para o sacrifício de Yeshua (João 3:16).
O cordeiro pascal do Êxodo prefigura o "Cordeiro de Deus" (João 1:29).
As promessas a Abraão (Gênesis 12) são cumpridas em Cristo (Gálatas 3:16).
O Velho Testamento como revelação progressiva
A Bíblia não é estática. Deus se revela ao longo do tempo, em diferentes contextos e formas. O Antigo Testamento é o fundamento da história redentora, que atinge seu clímax na encarnação do Verbo.
Os profetas anunciaram um tempo futuro em que Deus faria uma nova aliança:
"Farei uma nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá..." (Jeremias 31:31)
Essa nova aliança não substitui a anterior, mas é seu cumprimento pleno em Yeshua.
Desconstruindo o termo "Velho"
O uso do termo "Velho Testamento" pode sugerir algo obsoleto. No entanto, a palavra grega "diatheke" usada para "testamento" significa também "aliança". A chamada "Antiga Aliança" não é velha no sentido de descartada, mas sim primária, fundamental.
Yeshua veio não para invalidar essa aliança, mas para levá-la à plenitude. É por isso que, ao partir o pão na última ceia, Ele disse:
"Este é o cálice da nova aliança no meu sangue..." (Lucas 22:20)
Conclusão: o Velho Testamento e o Brasil de hoje
Em tempos de crise espiritual, moral e social, o retorno às Escrituras é essencial. O Velho Testamento oferece ao leitor brasileiro mais do que leis e narrativas: oferece identidade, esperança e destino.
Compreender suas raízes hebraicas é resgatar a profundidade do Evangelho, libertar-se de leituras superficiais e caminhar com mais firmeza no plano de Deus.
O Antigo Testamento é o solo onde germina a semente do Reino. Sem ele, não há entendimento pleno da obra do Messias.
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