A narrativa dominante nos meios científicos modernos afirma que os dinossauros foram extintos há cerca de 65 milhões de anos, muito antes do surgimento do ser humano. Essa cronologia está baseada em modelos geológicos e fósseis associados à teoria da evolução. No entanto, essa versão se distancia radicalmente da cronologia apresentada nos primeiros capítulos das Escrituras, segundo os quais a criação de todas as criaturas terrestres — inclusive os grandes animais — ocorreu no mesmo período da criação do ser humano.
Tese: A cosmovisão bíblica antiga descreve uma criação simultânea de animais terrestres e humanos. A palavra hebraica traduzida como “grandes monstros” ou “seres gigantes” pode se referir a criaturas semelhantes aos que hoje chamamos de “dinossauros”.
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Em Bereshit (Gênesis) 1:21, lemos:
“E Elohim criou os grandes monstros marinhos...”
Hebraico: וַיִּבְרָא אֱלֹהִים אֶת־הַתַּנִּינִם הַגְּדֹלִים
Transliteração: Va-yivra Elohim et ha-tanninim ha-gedolim
Strong’s H8577 – tannin | Subst. masc. plur.
Tradução literal: “serpentes marinhas / dragões / monstros reptilianos”
No mesmo relato, o sexto dia da criação inclui:
“E fez Elohim os animais da terra, segundo a sua espécie… e disse Elohim: Façamos o ser humano à nossa imagem.” (Gn 1:24–26)
Ou seja: humanos e os grandes animais foram criados no mesmo período. Não há intervalo de milhões de anos no texto hebraico original.
Origem da distorção: cronologia evolutiva vs. cronologia bíblica
A separação de milhões de anos entre dinossauros e humanos nasce da cronologia geológica moderna — não da tradição bíblica. A teoria evolucionista exige essa separação para justificar o progresso gradual das espécies, culminando no ser humano.
Essa cronologia foi imposta à leitura bíblica a partir do século XIX, gerando tentativas de harmonização que não existiam entre os antigos escribas hebreus. Com isso, criou-se o “intervalo” ou a “teoria do hiato” entre Gênesis 1:1 e 1:2, que não está presente no hebraico massorético, nem na LXX, nem nos targumim.
Impacto atual: fé fragmentada e mitologização do Gênesis
Ao tratar os primeiros capítulos de Gênesis como alegorias ou mitos, perde-se a coerência histórica da revelação. Dinossauros passam a ser vistos como “incompatíveis” com a fé bíblica, empurrando crentes para uma falsa escolha: aceitar a ciência e negar a Bíblia, ou aceitar a Bíblia e ignorar a ciência.
Essa fragmentação enfraquece a confiança nos textos antigos e mina a fé em outras narrativas fundamentais, como o Dilúvio e a genealogia messiânica.
Evidência negligenciada: behemoth e leviatã
Duas criaturas são descritas em Iyov (Jó) 40–41, com detalhes impressionantes:
Behemoth – בְּהֵמוֹת
“Vê o Behemoth, que fiz contigo…” (Jó 40:15)
– Forte como cedro, músculos firmes, cauda como um tronco.
Strong’s H930 | Subst. masc. plur. (intensivo singular)
A descrição não corresponde a nenhum animal moderno com precisão. O hipopótamo ou elefante, propostos em traduções modernas, não têm cauda como “cedro”.
Leviatã – לִוְיָתָן
“Poderias tirar com anzol o Leviatã?” (Jó 41:1)
– Escamas impenetráveis, hálito flamejante, terror no mar.
Strong’s H3882 | Subst. masc. sing.
Esses textos refletem memórias preservadas de criaturas imensas, marinhas ou terrestres, em um contexto poético, mas descritivo. O livro de Jó é um dos mais antigos do Tanakh, anterior ao período monárquico, sugerindo que essas criaturas eram conhecidas entre os antigos.
Retorno à aliança: restaurar a confiança na Palavra
A Bíblia não é um manual científico moderno, mas é um testemunho fiel de eventos históricos sob perspectiva divina. Quando lemos os relatos da criação e dos grandes animais, devemos partir da linguagem original e do contexto cultural da revelação — não da necessidade de acomodar sistemas filosóficos tardios.
A cosmovisão hebraica afirma que:
“No princípio, Elohim criou os céus e a terra...” (Gn 1:1)
– E toda criatura, inclusive os grandes seres da terra e do mar, foram formados antes da queda, coexistindo com o ser humano em sua origem.
Convocação final
A restauração da fé começa pelo texto.
Antes de serem domesticados pela teologia moderna, os textos hebraicos preservavam uma memória coerente de um mundo onde o homem andava entre criaturas gigantescas, em harmonia com o propósito original de Elohim.
É hora de voltar ao princípio — e reexaminar o mundo à luz da Palavra.
Fontes, glossário e morfologia
| Termo | Tradução | Strong’s | Morfologia | Referência |
|---|---|---|---|---|
| tannin | monstro / serpente / dragão | H8577 | Subst. masc. plur | Gn 1:21 |
| behemoth | besta gigante (plural intens.) | H930 | Subst. masc. plur | Jó 40:15 |
| leviatã | serpente enroscada / monstro | H3882 | Subst. masc. sing | Jó 41:1 |
| bara | criar do nada | H1254 | Verbo Qal perf. | Gn 1:1, Gn 1:21 |

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